terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Cena Urbana

O ruído do motor na mente
Sacode as ideias de futuro
Lembranças embaçam as lentes
No respiro ofegante e maduro.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Rimas do interior

Quantas ausências tenho
Nos arames do varal
Quantas almas tenho
Espalhadas no avental.

Quantas costuras tenho
Nos avessos do vestido
Quantas dobras tenho
Nas pregas do tecido.

Quantas mágoas tenho
Assombrando meu quintal
Quantas frases tenho
Nos muros e no vendaval.

Recolho as folhas na cesta de sisal.
Refaço as dobras sem rumo.
Repasso a vida que pulsa
Cosida nos fios de prumo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Cena amante

A madrugada mágica
tal estrada de prata
No orvalho, descansa.

Descansam no abraço apertado,
da amizade de raro frasco.
Num pacto, no fato, lugar ao lado.
Vibrantes amantes descansam na cama de prata, mágica.
Na rara carruagem plácida,
quase nada.
Quase arte.

Na praça e a pá: trabalho e parto.
No pacto de fada,
De verdade alada,
De calma amada.
Quase um fato. Um jato.
Quase um mapa. Um traço.
Descansam no ato do aplauso.
No palco da praça, de graça.
Fato que é hiato e agrado.
Pacto afiado do abraço.
Ah! Rara amizade de raro frasco.
Amizade mágica,
na madrugada, descansa.
Nas palavras cortadas.
No quarto em pedaços.
Quase um frasco quebrado.
Quase um pacto de orvalho.

Quase uma palavra metade.
Na metade dos amantes
o laço estampado,
colado no falo,
gravado na alma.

A face em chama canta
E o canto é palavra cortada,
É pedaço do quarto
Jogado na lama.
É punhado de alma
Deixado de lado.
É migalha de orvalho,
Brilhando na cama.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Poema Selênico

As deusas penteiam seus cabelos.
As estrelas cadentes, penteiam o vento.
As Nereidas, que safadeza,
penteiam os pentelhos de Perseu.

As Plêiades, belezas ardentes,
cheias de medo,
contemplam os beijos de Betelgeuse
na serpente sem cabeça.

Na TV, os cometas acenam
seus bilhetes falsetes e
Atenas chega reluzente, em foguete de seda.

Os Gêmeos desenham sua beleza
no coreto de madeira,
com as canetas de Helena.

O sorvete avermelha os dentes
das ninfetas.
Prometeu e três sereias
deitam no tapete verde sem etiqueta.

No templo, Zeus, o blogueiro,
lê para Vênus,
pequenos trechos de Lênin,
sem as espessas lentes.

O lado oculto da lua

Lado dos sons sussurrados,
da respiração interrompida.
Trem da estação é caixa perdida.

Lado da cabeça baixa,
da roupa amassada e cerzida.
Trem da estação é face escondida.

Lado da fruta temporã,
do gosto de suco amargo.
Trem da estação é corpo curvado.

Lado das lágrimas acenadas,
Do grito pra dentro.
Trem da estação é mero lamento.